sexta-feira, 17 de abril de 2015

USO DE TABLETS E SMARTPHONES PODE PREJUDICAR VISÃO DE CRIANÇAS

Especialista explica que o contato excessivo com os aparelhos é responsável pelo aumento da miopia e outros problemas visuais

Uso de tablets e smartphones pode prejudicar visão de crianças stock.xchng/Divulgação
Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia,
 cerca de 15 milhões de crianças em idade escolar sofrem de problemas de visão 
 Foto: stock.xchng / Divulgação

Basta observar as crianças no recreio da escola ou em uma rodinha no shopping e logo se percebe um denominador comum. Estão todos com seus smartphones ou tablets em punho trocando mensagens, jogando os mais recentes games ou ligados em suas redes sociais. Porém, o uso em demasia desses aparelhos tem prejudicado — e muito — a visão das crianças e adolescentes.

É isso que afirma a oftalmologista pediátrica e consultora do Consulte Aqui Rosane da Cruz Ferreira. Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica, Rosane é categórica ao dizer que tablets, celulares e computadores são contraindicados para os pequenos.

— A geração atual está desenvolvendo miopia, que é a dificuldade para ver de longe, mais precocemente e em graus muito maiores do que as gerações anteriores — alerta.

A miopia tem vários fatores, sendo os mais importantes o genético e o ambiental. A doença está associada ao esforço acomodativo, isto é, ver coisas pequeninhas muito de perto, em movimento ou no escuro.

Se a criança passa muito tempo em frente ao computador, joguinhos de celular, lendo ou vendo TV no escuro ou ainda assistindo filmes no DVD no carro, o cérebro entende que o importante é a visão de perto, que vai ficando cada vez melhor, em detrimento da visão de longe, explica a especialista.

Os aparelhos modernos são prejudiciais e o risco de ter a doença aumenta se a criança tiver predisposição genética, ou seja, míopes na família, ou se for detectada uma tendência no exame oftalmológico de rotina.

Números preocupantes
Segundo dados divulgados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) no início do ano, cerca de 15 milhões de crianças em idade escolar sofrem de problemas de visão, como miopia, hipermetropia e o astigmatismo.

Segundo o conselho, a Agência Internacional de Prevenção à Cegueira, ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), estima que pelo menos 100 mil crianças brasileiras têm alguma deficiência visual e 33 mil ficaram cegas por causa de doenças oculares que poderiam ser evitadas ou tratadas caso descobertas precocemente.

A importância dos exames

O primeiro exame visual deve ser feito logo que a criança nasce. Chamado popularmente de Teste do Olhinho, o Teste do Reflexo Vermelho pode detectar qualquer patologia que cause obstrução no eixo visual, como catarata, glaucoma congênito e ainda opacidades congênitas de córnea, tumores ou inflamações intraoculares e hemorragias intravítreas.

O teste tem como objetivo a diminuição da incidência da cegueira infantil.

— Caso o resultado seja anormal ou duvidoso, o bebê deve ser encaminhado à consulta oftalmológica de urgência — aconselha a especialista.

Pais devem estar atentos
Normalmente, quando os sinais aparecem a doença já está bastante avançada. É muito difícil os pais perceberem os problemas em sua fase inicial. Por isso, as avaliações de rotina são fundamentais.

Os sinais mais perigosos indicativos de doença ocular são o aparecimento de um reflexo esbranquiçado nas fotografias, assimetria do reflexo vermelho do flash entre os olhos e estrabismo (desvio dos olhos), enumera Rosane.

Outros sinais de que a visão do seu filho não vai bem são dores de cabeça frequentes, franzir a testa e apertar os olhos para ler e a necessidade se sentar muito próximo ao quadro-negro na escola ou à televisão.

Todos esses sintomas podem ser causados por erros de refração, como miopia, hipermetropia e astigmatismo. Além disso, a criança com erro de refração tende a ser mais lenta no desempenho escolar, pode apresentar dificuldade de concentração e desinteresse nas atividades.

— Algumas vezes as crianças tem o diagnóstico errôneo de hiperatividade, quando na verdade tem hipermetropia alta, dificuldade na visão de perto. Crianças com miopia alta já foram inclusive confundidas com autistas, pois por não estarem enxergando nada além de 50 cm, se tornam introspectivas, quietas e com dificuldades de relacionamento.

A dica da oftalmologista pediátrica é levar a criança para fazer uma avaliação oftalmológica completa de seis em seis meses até completar dois anos de idade, e depois marcar exames anuais até os 10 anos ou sempre que houver necessidade.

Além disso, a médica recomenda que os pais restrinjam o tempo de uso dos aparatos tecnológicos. Segundo ela, o importante é estimular brincadeiras ao ar livre, de preferência em locais abertos como parques. 

 Fonte: http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/vida/noticia/2013/08/uso-de-tablets-e-smartphones-pode-prejudicar-visao-de-criancas-4231674.html

Nenhum comentário: